sexta-feira, 31 de outubro de 2008

O Brasil da inovação.

Nascentes do saber: criando e sustentando as fontes de inovação, Dorotthy Leonard-Barton; Tradução de Heloísa Beatriz Santos Rocha e Tereza Christina Vicente Vianna, 1. ed., FGV, Rio de Janeiro, 1998. 367 p. Resenha dos capítulos VIII e IX

CRESCIMENTO E RENOVAÇÃO
Nestes capítulos finais a autora nos ensina que a troca de conhecimentos entre as empresas também é uma transferência de aptidões tecnológicas, e que no mundo atual as empresas não podem se dar ao luxo de serem regionais, pois o mercado atual está muito globalizado. Estes dois capítulos que terminam o livro tratam da possibilidades de transferência de aptidões tecnológicas para outros países.
Leonard-Barton (1998) nos mostra que as transferências de saber tecnológico, tratadas nos capítulos 8 e 9, obedecem a várias razões: econômicas, expansão de mercado, desenvolvimento de novos talentos; e que as empresas que tem interesse em fazer esse fluxo de aptidões tecnológicas, escolhem países em desenvolvimento, como os pequenos tigres asiáticos: Taiwan, Hong Kong, Cingapura, Coreia como também o próprio Japão e a China.
Vamos ver o estudo de Leonard-Barton (1998) sobre o desenvolvimento chinês e como foi feita a transferência tecnológica entre EUA e China com o estudo da transferência de aptidões tecnológicas entre a empresa HP dos EUA e HP de Cingapura, através de uma escala de 4 níveis de transferências.
A escala de aptidão estratégica utilizada por Leonard-Barton (1998) foi criada por Austin, James (Austin, 1990:237, baseado em Dahlman & Cortes, 1984) e será usada pela autora para demonstrar seus estudos.
Estes níveis citados definem quais podem ser as transferências utilizadas e as empresas receptoras podem usar todos eles ou só alguns, dependendo da opção. O que deverá ficar claro para os empresários asiáticos é que o conhecimento está fluindo da sede da empresa de um pais desenvolvido para as divisões empresarias de uma nação em desenvolvimento, o investimento na realidade esta sendo feito em conhecimento. Não podemos esquecer que os quatro nives de troca estão baseados num continuum e que cada um deles tem seus desafios descritos abaixo:
1 - operações de montagem em pleno funcionamento - nesse primeiro nível, o desafio é supor que os sistemas físicos para introdução de novas tecnologias sejam compatíveis e adequados para sustentar o uso produtivo;
2 - adaptação dos componentes - no segundo nível será preciso adaptar o produto para fabricação usando os componentes locais, neste nível há também desafio no treinamento em qualidade que deve ser estendido aos fornecedores locais;
3 - redesenho do produto - no terceiro nível a empresa receptora está mais próxima de redesenhar o novo produto mas ainda precisam do know-how receptor;
4 - desenho independente do produto – neste estágio as empresas receptoras já detém o saber tecnológico igual ao da empresa fonte e possuem aptidões tecnológicas equivalentes podendo então trabalhar como iguais.
O exemplo prático citado por Leonard-Barton (1998) é o relato de introdução de aptidões tecnológicas na empresa HP de Cingapura, onde ela discorre sobre os 4 níveis de transferência de aptidões, mostrando os desafios enfrentados em cada um dos níveis, desde o início dos anos 70 com a introdução de fabricação de calculadoras HP-35 e teclados de computadores, alcançando o nível final de aperfeiçoamento em meados de 90 com o lançamento de um produto voltado para o mercado da Asia, uma impressora portátil a jato de tinta: deskjet portable, quando finalmente a HP Cingapura tinha atingido todos os níveis da escala.
Algumas conclusões podemos tirar, como os fatores que influenciam o sucesso da empresa receptora, como por exemplo o compromisso de longo prazo da empresa fonte, pois pode ser necessário dispender um tempo precioso neste desenvolvimento, também vemos que depende das intenções da empresa fonte transferir as aptidões que o receptor esta demandando. Os gestores das empresas vão decidir o que transferir, em que velocidade, para quem transferir, então a visão gerencial esta sendo requerida, e analises serão feitas. Mesmo as empresas que surgem com perspectivas de serem mundiais podem tirar proveito de tais transferências, pois como vimos, sempre existe um mercado em desenvolvimento no mundo, e empresas carentes de desenvolver aptidões tecnológicas.
Leonard-Barton (1998) afirma em suas conclusões que ao criar aptidões tecnológicas estratégicas, as empresas estarão fazendo um investimento gradual e regular no futuro, podendo corrigir o caminho da organização, sempre de olho nos concorrentes e no mercado global.

O Brasil da Inovação
autor: Marcos Todeschini e
Renata Betti
publicada na revista Veja de 08/10/2008


RESUMO
A matéria trata de uma pesquisa do Ministério da Ciência e Tecnologia sobre inovações tecnológicas coordenada pelo especialista Antenor Correa onde é detectado que o Brasil está despontando como o país onde o setor de tecnologia mais cresce atualmente, com uma média anual de 12% comparada com a media mundial de 6%.
Vários fatores foram responsáveis pelo crescimento atual desta área de conhecimento, como por exemplo a criação de boas universidades; a concentração de cérebros privilegiados que já beiram os 3.700 Ph. Ds.; a cultura atual que valoriza a inovação tecnológica; e principalmente politicas de incentivos fiscais na implantação de novas fabricas.
As empresas multinacionais demoraram para se instalar aqui no Brasil devido a Lei de Informática que continha sérias restrições, mas esta lei foi derrubada em 1992, o que proporcionou este crescimento.
O artigo faz comentários sobre o crescimento de outros países, como a Índia e cita também o maior centro de TI do mundo, o Vale do Silício que esta situados nos EUA, mas nos dá esperança pois nosso ritmo de crescimento está acelerado e prevê que em três anos possamos atingir o 5º lugar no ranking mundial de TI, apesar de nossa carência de profissionais.
Foram citados também 7 pólos de tecnologia que por critérios de excelência são as estrelas atuais neste campo de tecnologia e eles desenvolvem softwares variados como para investigações policiais em Campina Grande; software de rastreamento e controle em Belo Horizonte, para automação de industrias têxteis em Florianópolis; softwares personalizados para digitalização de empresas em Petrópolis; software de microeletrônica em Porto Alegre; serviços de suporte técnico para todo o mundo desenvolvido em Hortolândia e a estrela dos adolescentes, desenvolvimento de games eletrônicos em Recife.

ANALISE CRITICA
O artigo se aplica ao que pesquisamos no livro pois Leonard-Barton (1998) mostra seu estudo baseado em varias pesquisas em empresas americanas, e vimos que nos capítulos finais foi mostrado a transferência de aptidões tecnológicas partindo de um pais desenvolvido para um pais em desenvolvimento, assim como o Brasil.
O que podemos concluir com este artigo é que de acordo com os quatro níveis da escala de transferência, o Brasil já pode se considerar apto em todos eles e trabalha atualmente em uma via de mão dupla com os países em desenvolvimento, significando que recebe transferências de tecnologia e efetua transferências também. As aptidões tecnológicas citadas por Leonard-Barton (1998) foram aprendidas e melhoradas devido a nossa concentração de cérebros privilegiados, e nossa grande quantidade de faculdades com critérios muito claros de excelência de ensino.
Com todas estas especialidades nas diversas áreas de tecnologia o Brasil acabou atraindo a atenção de muitas empresas multinacionais, e varias delas já se instalaram nas cidades citadas no artigo, em busca de troca de aptidões tecnológicas, como por exemplo IBM, HP, Microsoft, Motorola, e muitas outras virão, pois como escreve Leonard-Barton (1998) ...' As nascentes do saber não só alimentam a empresa, mas se alimentam de muitas fontes.'

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